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Roizenblatt Médicos

PAPO DE MÃE - A importância do teste do olhinho

Atualizado: 3 de set. de 2023

Confira agora a entrevista que a Dra. Marina Roizenblatt deu ao Programa Momento Papo de Mãe sobre “A importância do teste do olhinho”.

O teste do olhinho nas maternidades pode identificar precocemente diversos problemas oculares em bebês, inclusive o retinoblastoma.


No último final de semana, Tiago Leifert e sua esposa Daiana Garbin gravaram um vídeo a fim de informar outros pais e cuidadores sobre a importância do rastreio de um câncer ocular grave com o qual a filha do casal Lua fora diagnosticada: o retinoblastoma. Dá-se o nome de retinoblastoma ao tumor ocular maligno mais comum da infância. Ainda assim, a sua incidência é rara e gira em torno de 11 casos para cada um milhão de crianças com menos de 5 anos, sendo esta a faixa etária mais acometida pela doença. Entretanto, se fizermos uma média, a literatura fala que a idade média do diagnóstico da doença é aos 18 meses de idade. Em 1/3 dos casos o tumor acomete ambos os olhos e, em 2/3, apenas um olho é acometido. A incidência é a mesma entre meninos e meninas, sem predileção de raça.

Neste contexto, surge uma pergunta relevante: o “teste do olhinho” é igual ao “mapeamento de retina”? A resposta é “não”. Os dois são exames diferentes, mas que se complementam. O “teste do olhinho” ou “teste do reflexo vermelho” é feito pelo pediatra até 72 horas após o nascimento, quando o bebê ainda está na maternidade. O reflexo deve ser testado nos dois olhos e, caso o tal reflexo esteja ausente, ou diferente de um olho para outro, deve-se buscar imediatamente um oftalmologista para a realizar uma avaliação ocular completa do recém-nascido.

Já o mapeamento de retina é um exame mais completo que é feito pelo oftalmologista, possibilitando ver toda a retina do bebê. E o que é retina? A semelhança do filme de uma máquina fotográfica, retina é a camada que reveste a parede de trás do olho e que é responsável por captar os sinais luminosos que entram na cavidade ocular e transformá-los em sinais elétricos para irem ao cérebro. O retinoblastoma é, portanto, um tumor maligno originário primariamente da retina.

Alguns são os sinais de alarme que podem sugerir que algo não vai bem no olho da criança e o mais importante deles é a leucocoria, que nada mais é que a “alteração do reflexo vermelho”. Pois, bem, vamos entender melhor do que se trata este sinal. Quando uma criança tem leucocoria, percebe-se um reflexo branco no centro da sua pupila ao tirar uma fotografia com flash ou ao incidir uma luz diretamente sobre os seus olhos.

As causas de leucocoria são diversas, incluindo catarata congênita, descolamento de retina, anormalidades vasculares da retina, além do retinoblastoma. Frente a isso, se faz necessário uma busca imediata ao oftalmologista, que vai se encarregar de proceder com um bom exame oftalmológico, com uma história clínica detalhada, muitas vezes associado a exames auxiliares, a fim de se estabelecer a etiologia do reflexo ocular esbranquiçado.


Mas não para por ai, o retinoblasmotama também pode se manifestar com outros sintomas como o estrabismo (situação em que os olhos da criança não estão “alinhados”, não estão olhando para o mesmo lugar), desvio da cabeça ao focalizar objetos, inflamação ocular e palpebral em casos mais severos e, o mais importante de tudo isso: o retinoblastoma pode não deixar pista, ou seja, ser assintomático. E aqui entra o ponto mais importante deste texto: o Conselho Brasileiro de Oftalmologia recomenda que toda criança passe por um exame oftalmológico completo no primeiro ano de vida, exame este que deve incluir a dilatação da pupila, mesmo na ausência de sintomas e queixas oculares especificas.

No que se refere ao tratamento, há diferentes modalidade terapêuticas, devendo esta abordagem ser personalizada a depender de variáveis como localização do tumor, tipo, tamanho, dentre outros fatores. Retirada do globo ocular, quimioterapia, crioterapia e laser ocular são alguns dos possíveis caminhos a serem adotados no tratamento da doença. Mas há uma linha de prioridade a ser adotada no tratamento do retinoblastoma, primeiro deve-se preservar a vida, segundo, se possível, manter o globo ocular e, como última prioridade, está a preservação da visão. Mais uma coisa é certa, quanto mais precoce é feito o diagnóstico do retinoblastoma, maiores são as chances de sucesso de seu tratamento.

É certamente louvável a atitude do casal Tiago Leifert e Daiana Garbin em dividir publicamente esta difícil situação que estão vivendo com a exclusiva finalidade de ajudar outras crianças no diagnóstico precoce do retinoblastoma. Sua filha Lua está sendo tratada no Graac, centro de excelência no tratamento do câncer infantil e aqui ficam os votos para o sucesso de sua recuperação e para que ela seja breve.

*Dra. Marina Roizenblatt, Médica oftalmologista especialista Retina Cirúrgica. Doutoranda pela Universidade Federal de São Paulo, Brasil. Postdoctoral fellow pela Johns Hopkins University, EUA.




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