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Roizenblatt Médicos

JORNAL NEXO - Cirurgia robótica: uma porta para a nova era na medicina

Atualizado: 18 de dez. de 2023

Confira agora a matéria que a Dra. Marina Roizenblatt participou no NEXO Jornal sobre: “Cirurgia robótica: uma porta para a nova era na medicina”.

Se comparamos operações feitas com auxílio de um robô com aquelas realizadas sem a tecnologia, a principal diferença consiste no modo como o cirurgião acessa o tecido do corpo a ser tratado.

Ninguém anseia por se submeter a uma cirurgia. Quando informado de que necessita realizar um procedimento cirúrgico, vem logo à mente do paciente perguntas como: vou sentir dor na sala de cirurgia? Isso vai resolver de modo definitivo o meu problema de saúde? Quanto dias vou precisar para me recuperar no pós-operatório? Porém, sabe-se que alguns problemas na medicina só podem ser resolvidos de fato cirurgicamente. E se seu médico disser que a cirurgia será feita com o auxílio de um robô? Para alguns isso pode parecer desesperador, porém, para outros, tranquilizante.

A verdade é que a cirurgia robótica se tornou hoje uma realidade em diversos ramos da medicina e esse parece ser um caminho sem volta. Os robôs hoje em dia integram a equipe cirúrgica de especialidades médicas como a cirurgia gastrointestinal, cirurgia do coração, ginecologia, otorrinolaringologia, cirurgia de cabeça e pescoço, urológica e outras. Em outras áreas, a cirurgia robótica ainda bate na porta e vem sendo estudada em escala experimental, sendo uma questão de tempo para adentrar em definitivo a sala de cirurgia. Esse é o caso da de retina, tipo de cirurgia ocular que trata uma fina e delicada camada que se localiza no fundo do olho. A cirurgia de retina demanda extrema precisão e a tecnologia robótica poderia ajudar, e muito, no controle do tremor e na melhora da destreza do médico. Dentre outras vantagens que os robôs prometem na cirurgia em geral, lista-se incisões menores, menor dano dos tecidos do corpo no intraoperatório, recuperação pós-operatória mais veloz e até a possibilidade de realizar cirurgias a distância, de modo que o médico que conduz o robô pode estar a metros, quilômetros ou mesmo há um continente da distância do paciente que está sendo operado.

Frente a isso, alguns podem se perguntar se um dia os robôs vão substituir o médico cirurgião. A resposta para esta pergunta é certeira: não. A tecnologia robótica surgiu no sentido de agregar, mas jamais substituir o ser humano, cuja presença ainda é fundamental no sentido de conduzir a máquina na realização das manobras operatórias. Nenhuma cirurgia é igual a outra e esta é uma grande beleza da medicina, de modo que sempre será necessária a presença de uma mente humana comandando o robô e envolvida nas decisões que serão tomadas em cada etapa do procedimento.

Mas nem tudo é perfeito e vale citar também potenciais desvantagens inerentes à cirurgia realizada por robô, como a necessidade de o cirurgião aprender e treinar a usar o robô em questão, um maior tempo cirúrgico (o robô precisa ser preparado antes de começar a ser usado), maiores custos envolvidos no procedimento e, devemos também mencionar, a possibilidades de falhas técnicas inerentes a qualquer software ou outras tecnologias envolvidas.

Se comparamos as cirurgias que são feitas com auxílio robótico com aquelas realizadas sem esta tecnologia, a principal diferença consiste no modo como o cirurgião acessa o tecido do corpo a ser tratado quando dispõe da ajuda de um robô, de modo que este permite a realização das manobras cirúrgicas necessárias através de menores incisões e em um espaço de trabalho mais restrito. Tal diferença diminui a manipulação de outros órgãos adjacentes a aquele sendo tratado, o que proporciona um resultado cirúrgico mais previsível e um pós-operatório menos traumático.

Frente ao exposto, entende-se porque a introdução da robótica no meio médico é tida como um caminho sem volta para uma nova era da prática cirúrgica. A direção deste caminho tem como norte atender as necessidades e desafios enfrentados no dia a dia de cirurgiões e pacientes. À medida que o tempo passa, nota-se uma melhora exponencial da qualidade técnica e precisão dos robôs cirúrgicos comercialmente disponíveis, o que anda junto com a difusão da utilização da modalidade robótica por mais médicos espalhados pelo mundo. Em suma, o futuro do ramo cirúrgico, sem dúvida, terá como peça-chave a tecnologia robótica e é empolgante imaginar o que nos reservam as próximas etapas desse processo de inovação tão promissor.

Marina Roizenblatt é médica oftalmologista especialista em retina cirúrgica. Tem doutorado pela Universidade Federal de São Paulo e é research fellow pela Universidade Johns Hopkins (EUA).



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