Confira agora a matéria que a Dra. Marina Roizenblatt participou no Portal O GLOBO sobre a série “Wandinha: ficar muito tempo sem piscar como a personagem faz mal para o olho?”.
Especialistas temem que crianças comecem a imitar a produção causando problemas severos como infecções, desconfortos e até mesmo cegueira
Quem assistiu à série de maior sucesso de agora da Netflix, Wandinha, notou que a atriz que faz o papel da protagonista, Jenna Ortega, 20 anos, praticamente não pisca. A ordem partiu do diretor da produção Tim Burton. Estima-se que a artista pisque apenas nove vezes durante os oito episódios. Oftalmologistas ouvidos pelo GLOBO, entretanto, não recomendam a prática e temem que crianças e jovens comecem a fazer competição causando danos mais severos à saúde.
Uma pessoa pisca em torno de 20 vezes por minuto. O processo é involuntário, ou seja, uma pessoa não consegue ficar sem piscar de propósito, e o ato é importante para a lubrificação e proteção dos nossos olhos. Ao piscar, estamos distribuindo o filme lacrimal, que funciona como uma película transparente que recobre o olho e protege de infecções oculares. A distribuição total é fundamental para garantir que a córnea fique oxigenada, lubrificada, hidratada, limpa e protegida.
— A córnea é a única parte do nosso corpo que não possui vasos. Ela troca oxigênio por meio das lágrimas, para isso acontecer, ela precisa estar bem lubrificada. Se você não pisca, ou faz o movimento incompleto, essa lubrificação fica comprometida e pode causar vários tipos de transtornos, como oscilação de visão, fotofobia, ou seja, quando os olhos são supersensíveis a claridade, e até mesmo um desconforto ocular, como uma ardência, vermelhidão, olhos mais secos e leve dor — explica o oftalmologista Pedro Antônio Nogueira Filho, chefe do Pronto-Socorro do Hospital de Olhos da Vision One.
Caso os sinais e sintomas não sejam tratados, o quadro pode evoluir para condições mais graves, como uma lesão séria na córnea, que pode causar uma infecção secundária, gerando um borrão ou mancha na córnea, chamada leucoma.
— O receio é que as crianças e os jovens que assistem à série tentem imitar e brincar com os amigos para ver quem fica mais tempo sem piscar. Isso não é recomendado. Elas não devem ficar sem piscar e nem piscar demais. O ato é involuntário e acontece normalmente, sem a gente pensar, é assim que tem que ser — diz a oftalmologista especialista em retina cirúrgica, Marina Roizenblatt.
Outro ponto de atenção é com as telas, como celulares, tabletes e computadores, pois ao prender a nossa atenção, é comum que o intervalo entre uma piscada e outra aumente, o que pode desencadear certa ardência, uma lubrificação ocular inapropriada e causar danos à visão. Nesses casos, é necessário realizar uma consulta com um especialista caso apareça alguns desses sintomas.
Tratamento
Os meios mais eficientes para um tratamento de olhos ressecados, ou uma má lubrificação é o uso de pomadas e lágrimas artificiais, também chamadas de colírios. Entretanto os especialistas afirmam que o colírio é um remédio como qualquer outro, e que cada um é prescrito para situações específicas, logo, é necessário consultar um médico especializado para saber o diagnóstico e qual deve ser usado.